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Homens e mulheres; (2) Óleo de palma (dendê)
Cultivo e Óleo
por Phil Bartle, PhD
traduzido por Eduardo Félix
O óleo de palma (dendê) tem trinta (inúmeros) usos. Não se pode fazer dele tabu; acaba-se sempre por tocar no assunto.
─Provérbio Akan─
- Homens e mulheres; (1) Óleo de palma; Introdução e Conclusão
- Homens e mulheres; (2) Óleo de palma; Cultivo, Óleo
- Homens e mulheres; (3) Óleo de palma; Colheita do Dendê
- Homens e mulheres; (4) Óleo de palma; Comercialização do Dendê
- Homens e mulheres; (5) Óleo de palma; Outros produtos
Cultivo:
A maioria –– cerca de 90 por cento –– do cultivo é feito por mulheres. Está associado ao vermelho ou à terra (Asaase Yaa, Deus Feminino, Mãe-Natureza, nascida numa Terça) e com o papel feminino de angariar comida e de tomar conta.
O cultivo foi adaptado às características da floresta tropical. As enormes árvores concedem protecção contra tempestades, sombra contra o sol tropical e evitam evaporação em demasia. As culturas são mistas, o que ajuda a reduzir a disseminação de parasitas, que tendem a ser espécies específicas.
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Cultivo
Os homens ajudam no cultivo através da remoção de árvores e grandes arbustos, e participam mais desde a introdução de tractores e da agricultura moderna (que estragou o solo). Historicamente, desempenhavam o seu papel apenas na caça e pesca.
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Barragem Pra
Um agricultor com um cesto de palmas na cabeça, junto a uma jovem palmeira.
Este agricultor está junto a um jovem dendezeiro, possivelmente com oito meses de idade. Na sua cabeça está um cesto feito a partir de ramos do dendezeiro. É difícil de ver, mas no fundo, à direita, está uma árvore de cacau. As vagens de cacau não crescem nos ramos, mas directamente do tronco da árvore. Como o dendezeiro necessita da protecção da grande e densa vegetação da floresta tropical. Com a destruição do arvoredo, pela indústria madeireira, para vendas lucrativas nos mercados internacionais e frequentemente organizada intermediários Europeus, grande parte do dendê e do cacau está a desaparecer.
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Agricultores à conversa enquanto se encontram num caminho da floresta tropical
A palmeira (Elaeis Guinnesis Jacq) nunca pára de crescer, ficando cada vez maior. Se alguma vez for a Kampala, no Uganda, e visitar o templo Bahai, verá uma dúzia de palmeiras a crescer no seu lindo jardim. Uma delegação de visitantes do Bahai visitou o Gana nos anos 50, e plantaram algumas sementes de palmeira. O cultivo e a alimentação de dendê nunca pegou no Uganda, pelo que ninguém os colhe nem derruba as árvores para obter a seiva. Têm agora 30-35 metros de altura, parecendo coqueiros desfigurados ou palmeiras decorativas.
Na África Ocidental, as mulheres que cultivam dendezeiros cortam os ramos e recolhem a fruta desde que lhe consigam chegar.
Para os Akan, a terra é propriedade comum do abusua (matriarcado), nunca de um indivíduo. A linhagem não vende a terra, e os indivíduos têm direitos de usufruto concedidos pelos anciões abusua. Cada árvore, em contraste, é da propriedade da mulher que a plantou, tendo o direito de a vender.
A extracção dos óleos de palma
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O fruto do dendezeiro cresce em cachos no topo de cada árvore.
Os núcleos crescem em cachos no topo da árvore. Antes de amadurecerem são pretos, tornando-se depois vermelhos. Quando estão pretos, são considerados propriedade de Deus, num estado transmissivo (veja Três almas).
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Núcleos vermelhos de palma
Arqueologistas, através de escavações nas cavernas, que estão agora sempre ocupadas por deuses antigos mas que em tempos foram residências humanas, registaram as mudanças nos núcleos da palmeira. (As fortes chuvas dificultam a escavação em qualquer outro sítio da floresta tropical que não as cavernas). Como as espigas de milho na América Central, os núcleos mais antigos das palmeiras indígenas (selvagens) eram muito pequenos. Por selecções de cultivo ao longo dos séculos, os núcleos domesticados tornaram-se cada vez maiores. As árvores dependem agora de humanos para a sua disseminação e cuidado.
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Subeng
As mulheres extraem dois óleos da
palmeira no seu todo
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Extracção de óleo de palma dos núcleos
A mulher ferve e desfaz os núcleos para produzir um composto líquido de água e óleo de palma. Ela usa um almofariz e um pilão para desfazer os núcleos. De seguida, peneira os núcleos moídos para separar os líquidos da fibra, o que pode ser visto aqui no chão. A sua peneira é uma cabaça com buracos no fundo.
No meio Akan, a palavra "vermelho" cobre muito mais tons e colorações do que no Inglês. Pode compreender tonalidades mais escuras, acastanhadas ou até púrpuras, e ainda cores de ferrugem ou de sangue.
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As filhas aprendem com as mães
Ainda que o dendezeiro seja original da África Ocidental, os Europeus consideraram o óleo útil, e começaram plantações por todo o mundo. Na área sul-americana e do sudeste asiático estas palmeiras são cultivadas em grandes plantações comerciais. O óleo é usado comercialmente para fabricar diversos produtos, como a margarina ou detergentes. Existem várias grandes plantações de dendezeiros no Gana, mas a maioria não teve sucesso comercial.
Os núcleos interiores, que são pretos, são secados ao sol por cerca de duas semanas, e depois abertos. No interior há um óleo amarelo, utilizado para diversos fins e receitas. Também há um miolo branco, semelhante ao miolo do coco, mas bem mais duro.
Após a remoção dos óleos vermelho e amarelo e do miolo, a mulher pode vender os núcleos secos a um ferreiro ou a um fabricante de carvão vegetal. Este carvão feito a partir dos núcleos é limpo e queima a altas temperaturas, sendo popular entre ferreiros.
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Utilização de uma peneira para remover o líquido do miolo e dos núcleos interiores.
Em determinada altura, a árvore é demasiado alta para o proprietário cortar os ramos e colher os núcleos. Existe uma tensão cultural entre as mulheres, que cultivam a árvore devido aos seus núcleos, e os homens, que querem as árvores pela sua seiva. Frequentemente, a mulher é persuadida por um homem a vender a árvore antes da altura que preferiria, pelo que a produção passa de "vermelho" a "branco".
O dendezeiro tem trinta (inúmeros) usos.